Thursday, October 26, 2006

O maior português


Está em curso uma votação para eleger "o maior" português de todos os tempos. Certamente que se elegerá uma inusitada figura que nos deixará a todos boquiabertos. Para que se pudesse chegar a algo conclusivo, a escolha deveria de ser feita por uma pool de historiadores e não por voto popular.Dado que nomes como Eusébio, Mourinho ou Herman José (que por acaso é alemão) fazem parte da lista de possíveis eleitos eu quero dar a minha contribução para o tema, defendendo a nomeação de uma figura, certamente mais polémica mas não menos descabida.
Nomeio Felipe II de Espanha, primeiro de Portugal como o maior português de todos os tempos. Porquê?
Felipe II sendo castelhano amava muito Portugal. Talvez porque foi em português que sua mãe - era filho de Isabel de Portugal - lhe cantava canções de embalar. Casou também com uma portuguesa, D. Maria. Sua irmã era casada com o rei de Portugal. E também porque a união das duas coroas sempre fora um desígnio ibérico.
Em 1580 o país estava falido. A corrupção generalizada tinha tornado o comércio marítimo com o oriente num pesado fardo para o Estado, gerador de enormes prejuízos. Um rei prepotente, autista e ainda por cima beato, havia levado o país a hipotecar-se para empreender uma suicida empresa no norte de África. Quem não morreu na cruzada de Alcácer Quibir ficou prisioneiro dos mouros. E no país nem dinheiro havia para pagar os resgates.
Felipe II era herdeiro do trono de Portugal, dado D. Sebastião ter morrido (ou melhor, desaparecido) na batalha sem deixar descendentes. Ocupou o seu lugar, não sem alguma contestação, como Filipe I de Portugal, pagou as contas do Estado português, desenvolveu o país. Portugal fora anexado. Um país que não tem capacidade para se auto governar não merece ser independente.
Mas as coisas não estavam fáceis para ele a contas com problemas financeiros, principalmente para financiar a sua teimosa guerra contra os protestantes nos também seus territórios da Holanda. O seu filho ainda conseguiu aguentar o barco. Mas o neto de Felipe II de Espanha primeiro de Portugal, a braços com uma revolta na Catalunha que clamava pela independência, foi obrigado a deslocar efectivos militares que se encontravam em Portugal para acudir à Catalunha. A nobreza portuguesa desejosa de voltar às suas ancestrais regalias, aproveitou-se desse facto, para através de um golpe de estado proclamar de novo a independência. Foi no dia 1 de Dezembro de 1640. Dia fatídico para os portugueses. Nesse dia recomeçava a bandalheira.
Se tal não tivesse acontecido, os portugueses hoje seriam um povo mais feliz. Ganhariam talvez o dobro do que ganham e pagariam menos impostos. Conduziriam carros mais baratos por auto estradas sem portagens. O AVE já ligaria Lisboa com Madrid e neste momento estariam em construção linhas para o Porto e para o Algarve. Lisboa seria uma das cidades referência da Europa. As nossas costas receberiam milhões de turistas estrangeiros gerando receitas e emprego. Haveria produtos portugueses com denominação de origem mundialmente (re)conhecidos. E certamente também teríamos o nosso movimento independentista